2 de dezembro de 2010

Evocação dos 30 anos do desaparecimento do Dr. Francisco Sá Carneiro

Sá Carneiro, uma das figuras mais emblemáticas da política nacional, a ele faremos uma pequena homenagem no dia 4 de Dezembro, próximo Sábado, aquando da evocação dos 30 anos do seu desaparecimento.




19:00h: Eucaristia em memória do Dr. Francisco Sá Carneiro (Igreja Nova -  Trofa)
De seguida,  deposição de um ramo de flores em Mosteirô, no local onde se encontra o seu busto.



Convidam-se todos os Trofenses, nomeadamente os Sociais Democratas e Democratas Cristãos a participarem nesta Eucaristia.

9 comentários:

  1. Maior Português de todos os Tempos

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  2. ??? O maior português de todos os tempos??? Quer dizer, o homem nem meio mandato cumpriu, nem tempo para cometer erros teve e é o maior português de todos os tempos? Das duas uma: ou o senhor é mesmo muito faccioso ou não conheçe a história do seu país.

    O Sá Carneiro foi um homem corajoso mas muito mais corajoso na altura foi Amaro da Costa, o homem que bateu o pé a Henry Kissinger e que se opôs a passagem do tráfico de armas norte americano pela Base das Lajes para o episódio Irão-Contras. É possível que o atentado tenha sido contra ele e não contra Sá Carneiro!

    De qualquer das formas, com personalidades como o Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Álvaro Cunhal ou Fernando Pessoa, só para citar alguns, Sá Carneiro, apesar de ter sido um grande homem, está muito longe de ter sido o maior português de todos os tempos...

    Cumprimentos

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  3. João, eu raramente uso ironia nos meus comentários, mas...não se interrogue acerca do comentário do Anónimo( 2 de Dezembro ) ficando você próprio surpreendido. Repare que António Oliveira Salazar venceu a votação para melhor português de sempre... Se o Anónimo( 2 de Dezembro ) elege Francisco Sá Carneiro, é legitimo. Tão legitimo como um ditador ter sido eleito "o melhor português de sempre" numa acção em que a votação é democrática. Uso da palavra de Rui Ramos, historiador português, que exaltar a figura de Francisco Sá Carneiro nesta altura, advém das dificuldades que atravessamos. Soa-me um pouco a... sebastianismo.
    Contudo, respeito por Francisco Sá Carneiro, não mais que seja, aqueles que amam a democracia, pelo facto de ainda em regime repressivo, este HOMEM ter feito parte da facção parlamentar liberal, inclusive assumindo a liderança da denominada "Ala Liberal".

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  4. São homens como Francisco Sá Carneiro que marcam a história de Portugal.
    Se ele é o Maior Português ou deixa de ser, sinceramente a mim não me interessa esse título, para mim ele foi sem sombra de dúvida um Grande Homem!
    Todos lhe apontam qualidades, foi sem dúvida uma grande perda para a política nacional.
    Viva Sá Carneiro e todos aqueles que como ele lutaram por causas nobres.

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  5. Caro 10.14.1.14,

    Concordo consigo mas acredito que usar a termonologia do sebastianismo para nos referirmos a alguém cujo período de governação nem a um ano chegou será exagerado. Penso que, conforme refere, a alusão a Sá Carneiro advém do período de crise que vivemos e retreta o misticismo que envolve esta figura por ter sido um homem corajoso mas também pelo estado de graça em que viveu por ter governado pouco tempo e por pouco tempo ter tido para cometer erros. mas sabemos bem que o saudosismo é um dos problemas estruturais da mentalidade portuguesa no seu aspecto mais retrógado. Convén nunca esquecer que o seu trabalho enquanto deputado durante o Estado Novo é algo que acontece porque lhe foi permitido que acontecesse. Não se trata propriamente de herói de Abril. E convém não esquecer que a Ala Liberal surge no período Caetano num momento em que a o Estado Novo está fragilizado não só pelo descontentamento geral relativamente à Guerra Colonial mas também pela perda do líder Salazar. O trabalho da Ala Liberal, apesar de importante, não foi nada de extraordinário quando comparado, por exemplo, com o Movimento dos Capitães ou com a resistência anti-fascista.

    Insisto: um homem corajoso, um exemplo, um líder mas, ainda assim, alguém que pouca obra deixou.

    Cumprimentos,

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  6. Boa tarde João
    focando atenção ao mito de sebastianismo: esperança que o povo português tinha em que D.Sebastião aparecesse numa manhã de nevoeiro para salvar o País dos males que atravessava. A exaltação da figura de Francisco Sá Carneiro, nesta altura de adversidades, significa que há quem acredite que se não tivesse o fatal acidente, tal e qual como D.Sebastião, teria concluído a sua obra de "beneficência do aparelho de poder", embora há uma diferença, a morte de Francisco Sá Carneiro foi anunciada logo após o acidente e no caso de D.Sebastião mantivesse a esperança de que o rei iria voltar; impulsionamos a mundialização neste mesmo século XVI mas a noticia "ao segundo" é uma conquista bem mais tardia.
    Quanto a questão do papel que Francisco Sá Carneiro desempenhou na assembleia num período repressivo , demonstra alguma imaturidade da sua parte João. Menospreza o papel de alguém presente na câmara representativa do poder do povo, com o direito de votar contra ou a favor de regulamentos e leis. Um grande passo rumo a democracia a par dos movimentos de contestação, que você gosta de trazer ao de cima. Denote: "(...)a par".

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  7. Caro 10.14.1.14,

    Não sei que movimentos de contestação refere que eu tenha por hábito "trazer ao de cima". Mas sei que no caso específico da luta contra o regime do Estado Novo, o que Sá Carneiro fez é uma gota de água à beira do que fez à beira da resistência anti-fascista, à beira de homens como Inácio de Palma, Henrique Galvão, Humberto Delgado ou Álvaro Cunhal (eu sei que este nome causa muita azia por estes lados mas gostemos ou não na sua ideologia política, Cunhal é uma das figuras centrais da oposição à ditadura).

    Não menosprezo o trabalho de Sá Carneiro como não menosprezo o de Amaro da Costa ou de Freitas do Amaral. Simplesmente não o reconheço de igual importância como aquele desenvolvido por figuras que cito em cima e algumas outras que poderia referir. E, meu caro, insisto: Sá Carneiro, assim como os outros 29 jovens deputados eleitos nas legislativas de 1969, não são heróis desta luta. São homens corajosos e importantes na chamada Primavera Marcelista mas são figuras que só aparecem após a morte de Salazar, que conseguem o seu espaço num momento de crise financeira e pressão internacional, com um líder mais moderado e, fundamentalmente, num momento em que a oposição radicalizava as formas de luta (Brigadas Revolucionárias, Acção Revolucionária Armada e MFA). É com o regime em queda que Sá Carneiro surge e apenas pela necessidade de Marcello Caetano mostrar ao mundo que queria abrir o regime ao pluralismo. Não me lembro de Sá Carneiro, Mota Amaral ou Balsemão serem presos ou contestaram o regime antes de 1968. Porque será?

    Não menosprezo nem nunca menosprezei a importância de Sá Carneiro, homem bem mais importante após o 25 de Abril do que antes, mas sei qual é o lugar de cada um e sei bem que o facto de ter sido assassinado contribui em muito para a sua popularidade. E custa-me que todas estas pessoas que falam de Sá Carneiro não se preocupem em pesquisar porque é que ele foi assassinado para perceberem a real importância deste homem. Mas dai a sobrevalorizar o desempenho num parlamento onde só chegou porque foi convidado a candidatar-se pelo regime e que fez até onde o regime o deixou e ver o 10.14.1.14 a dizer que foi um grande passo para a democracia A PAR com as acções da resistência parece-me exagerado e totalmente desenquadrado com a realidade que foi a resistência ao Estado Novo. "Imaturidade" é colocar os verdadeiros heróis da liberdade no mesmo patamar que Sá Carneiro.

    Cumprimentos

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  8. Caríssimo João,


    "O trabalho da Ala Liberal, apesar de importante, não foi nada de extraordinário quando comparado, por exemplo, com o Movimento dos Capitães ou com a resistência anti-fascista." ( vide 6 de Dezembro de 2010 ).
    Onde você fez alusão aos movimentos revolucionários.

    Ao encontro do papel que você tanto coloca em causa que a "Ala Liberal" desempenhou, irei de seguida mostrar uma breve resenha acerca da definição e estatuto desses deputados: " A ala liberal foi um grupo inorgânico, formado no inicio do consulado marcelista, que mereceu aquela designação por parte dos orgãos de comunicação social e da opinião pública devido ao facto de os seus membros defenderem a adopção de um conjunto de reformas politicas, jurídicas, económicas e sociais que aproximassem gradualmente o país dos regimes democráticos de tipo ocidental." ( trata-se de um breve trecho de um texto de António de Araújo , magistrado do Tribunal Constitucional).
    Eram indivíduos que defendiam um pacote de reformas e não o faziam num contexto não ocasional, TINHAM LUGAR NA CÂMARA, repare na simbologia de ter indivíduos que defendem tal reformismo a votar contra ou a favor de leis, revogações, propostas, apresentar um novo ideario como refere António de Araújo. Dou-lhe um exemplo mais flagrante: em 1971 a "Ala Liberal" lança um projecto de revisão constitucional para reforçar os poderes da assembleia, resultado foi um severo não . No mesmo extenso texto do mesmo autor pode ler-se : "(...)praticamente todas as suas iniciativas foram rejeitas." (em referência as propostas da "Ala Liberal" no plenário).
    A "Ala Liberal" baixou os braços quando viu que não era com um carácter pacifico que se conseguia impor alterações. Salta então a vista os movimentos que você menciona. Repare, cada um a seu tempo mas nunca se deve diferenciar os papeis desempenhados por qualquer dos dois modos de expressão anti-regime (assim podemos convencionar).

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  9. Caro 10.14.1.14,

    Reconheço-lhe enormes capacidades intelectuais e argumentativas e como tal acredito que perceba a diferença entre usar um argumento isoladamente ou utilizã-lo frequentemente. Quando diz "movimentos de contestação que gosta de trazer ao de cima", sugere que é algo que eu faça com regularidade quando apenas aconteceu uma vez. Esperava mais rigor da sua parte neste aspecto. Fazer uma alusão isolada não é igual a fazê-las sucessivamente.

    Insisto ainda que não pode comparar o papel dos movimentos revolucionários (segunda alusão) que durou tanto tempo quanto a própria ditadura com a breve existência da Ala Liberal que surge apenas no final da década de 60 e por convite. Nada mais acrescentarei sobre este grupo importante mas não determinante no processo de democratização do país por achar que fui suficientemente explícito nos posts anteriores.

    Num aspecto concordo consigo: é preciso saber diferenciar o papel dos dois elementos: a resistência foi a verdadeiro polo de contestação ao regime enquanto que o que a Ala Liberal fez e os resultados que produziu nem com a coragem de Humberto Delgado têm comparação. Não foram eles que mudaram o sistema, apenas funcionaram como sinais dos tempos que se avizinhavam.

    Cumprimentos,

    Cumprimentos

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